XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

Os intelectos “não-científicos” na ciência: acerca da relação coprodutiva entre primatólogas e mateiros em Gilbués (PI)

Corpo do texto

<p>Em uma regi&atilde;o do munic&iacute;pio de Gilbu&eacute;s (PI), s&iacute;tio de observa&ccedil;&atilde;o de macacos-prego (<em>Sapajus libidinosus</em>) h&aacute; mais de duas d&eacute;cadas, um grupo de primat&oacute;logas da Universidade de S&atilde;o Paulo conta com o aux&iacute;lio da comunidade local para a realiza&ccedil;&atilde;o de suas pesquisas. Em particular, os mateiros de uma fam&iacute;lia habitante da regi&atilde;o s&atilde;o contratados como assistentes de campo, coletando dados comportamentais dos macacos diariamente. O objetivo desta pesquisa, partindo de uma abordagem da antropologia da ci&ecirc;ncia, &eacute; de compreender e remontar a hist&oacute;ria de colabora&ccedil;&atilde;o entre primat&oacute;logas e mateiros no munic&iacute;pio de Gilbu&eacute;s. O estudo &eacute; qualitativo, de car&aacute;ter etnogr&aacute;fico, sendo tanto as cientistas quanto os assistentes de campo seguidos diariamente em seus trabalhos, al&eacute;m da realiza&ccedil;&atilde;o de entrevistas. A observa&ccedil;&atilde;o participante do cotidiano dessas pessoas &eacute; registrada em di&aacute;rios de campo. Os resultados parciais desta pesquisa t&ecirc;m demonstrado que esta rela&ccedil;&atilde;o coprodutiva &eacute; o fundamento dos trabalhos realizados em primatologia, e os mateiros colaboram com as cientistas n&atilde;o apenas no car&aacute;ter &ldquo;meramente t&eacute;cnico&rdquo; de seu trabalho, mas enriquecem e guiam os estudos com seus conhecimentos ecol&oacute;gicos. Os mateiros, al&eacute;m de guiar as cientistas e coletar dados, por exemplo, contribuem na classifica&ccedil;&atilde;o de plantas, indicam as rotas de trajeto dos macacos, conhecem suas caracter&iacute;sticas individuais, e d&atilde;o ideias para a melhor execu&ccedil;&atilde;o das pesquisas. As contribui&ccedil;&otilde;es &ldquo;invis&iacute;veis&rdquo; de mateiros, de t&eacute;cnicos e de comunidades locais podem ser o ponto de partida para a elabora&ccedil;&atilde;o de uma hist&oacute;ria mais concreta e imanente das ci&ecirc;ncias, demonstrando a larga rede de rela&ccedil;&otilde;es necess&aacute;rias para se produzir o que se pode denominar como um conhecimento cient&iacute;fico.</p>

Financiadores

<p>Funda&ccedil;&atilde;o de Amparo &agrave; Pesquisa do Estado de S&atilde;o Paulo (FAPESP), processo n. 2022/03361-3. Projeto de doutorado vinculado ao Projeto Tem&aacute;tico &ldquo;Artes e Sem&acirc;nticas da Cria&ccedil;&atilde;o e da Mem&oacute;ria&rdquo; (processo n. 2020/07886-8). Agradecimento ao Projeto Tem&aacute;tico &ldquo;Plasticidade fenot&iacute;pica de macacos-prego (g&ecirc;nero Sapajus) fase 2: investiga&ccedil;&atilde;o sobre efeitos de antropiza&ccedil;&atilde;o do ambiente&rdquo; (processo n. 2021/11269-7).</p>

Palavras-chave

<p>macacos-prego; assistentes de campo; primatologia.</p>

Área

Outros

Autores

Mateus Oka