XX Congresso Brasileiro de Primatologia

Dados do Trabalho


Título

<p>Investigação Preliminar sobre Diferenças Individuais na Manipulação e Atenção em Infantes de Macaco-Prego (<em>Sapajus libidinosus</em>)</p>

Corpo do texto

<p>Macacos-prego (<em>Sapajus libidinosus</em>) s&atilde;o primatas brasileiros h&aacute;beis que comumente fazem uso de objetos dispon&iacute;veis em seu ambiente como ferramentas para acessar recursos. Uma popula&ccedil;&atilde;o desses animais extensamente estudada desde 2003 pelo projeto EthoCebus reside no nordeste brasileiro (Piau&iacute;) em um ec&oacute;tono caatinga-cerrado, no qual utilizam pedras como martelos e bigornas para quebrar cocos. Infantes dessa popula&ccedil;&atilde;o j&aacute; aos tr&ecirc;s meses interagem regularmente com um ambiente rico em elementos que enviesam o desenvolvimento de suas habilidades manuais. Estudos anteriores focaram no contexto social do grupo para a emerg&ecirc;ncia dos comportamentos de quebra. O presente trabalho tem como proposta original considerar as particularidades comportamentais de cada indiv&iacute;duo e a forma com que interagem com o ambiente &ndash; facilmente percept&iacute;veis por quem convive com esses animais. A hip&oacute;tese &eacute; que essas diferen&ccedil;as s&atilde;o relevantes para o desenvolvimento, de modo que os indiv&iacute;duos que mais interagem com os elementos em seu ambiente, ser&atilde;o mais precoces no desenvolvimento das habilidades manuais necess&aacute;rias para a quebra de coco. Assim, codificamos comportamentos de manipula&ccedil;&atilde;o de objetos (i.e., gravetos, folhas, cocos, restos e pedras) e de aten&ccedil;&atilde;o visual (i.e., olhar persistente sem manipula&ccedil;&atilde;o por, no m&iacute;nimo, dois segundos) do quinto ao d&eacute;cimo m&ecirc;s de vida de dez macacos, em v&iacute;deos animal focal em seu ambiente natural. An&aacute;lises preliminares revelaram diferentes correla&ccedil;&otilde;es entre as vari&aacute;veis manipulativas, percussivas e de aten&ccedil;&atilde;o com a idade, sugerindo que realmente diferem nas rela&ccedil;&otilde;es entre aten&ccedil;&atilde;o visual e manipula&ccedil;&atilde;o de objetos ao longo do desenvolvimento. Por exemplo, Olivia (f&ecirc;mea) e Cenoura (f&ecirc;mea) manipularam e percutiram mais cocos conforme envelheceram. J&aacute; as idades de Divina (f&ecirc;mea) e Patr&iacute;cia (f&ecirc;mea) n&atilde;o apresentaram correla&ccedil;&otilde;es com manipula&ccedil;&atilde;o nem percuss&atilde;o de cocos ou restos. Esses dados apontam a relev&acirc;ncia das diferen&ccedil;as interindividuais para an&aacute;lises futuras de nossa hip&oacute;tese e outras pesquisas sobre desenvolvimento comportamental.</p>

Financiadores

<p>Bolsa de Doutorado CNPq (142692/2021-2); Bolsa CAPES-PRINT (88887.716674/2022-00); Bolsa FAPESP (2028 25595 0).</p>

Palavras-chave

<p>aten&ccedil;&atilde;o persistente; constru&ccedil;&atilde;o de nicho; sistemas em desenvolvimento</p>

Área

Comportamento

Autores

Flavio Ayrosa, Bruna de Sá, Beatriz Paes, Valentina Truppa, Briseida Resende